By Guilherme Massa
Foto J. Ferreira da Silva
Sebastião Rodrigues Maia, o ilustre Tim Maia, morreu há 13 anos (completos no dia 15 de março de 1998). Com um vozeirão e talento musical únicos, Tim criou o samba-soul e gravou canções que mexem com as pessoas até hoje, como Me Dê Motivo e Vale-Tudo. "Ele sabia do seu potencial, sabia que era muito bom", afirma o produtor musical Nelson Motta, autor da biografia do cantor.
Desde pequeno, Tim já cantava e tocava sucessos de Little Richard (sua performance de Long Tall Sally era insuperável), Ray Charles e Elvis Presley. Seu apelido no início da carreira foi Babulina, uma versão abrasileirada da música Bop-a-Lena, de Ronnie Self.
Um de seus primeiros fãs foi Erasmo Carlos, a quem ensinou as primeiras notas no violão. O primeiro encontro dos dois foi bastante inusitado: Sebastião entregava marmitas (o que lhe rendeu o apelido de "Tião Marmiteiro"). O Tremendão, ainda criança, era um dos clientes, e foi tirar satisfação pelo atraso da comida. Irritado, Tim resolve perseguir Erasmo para dar-lhe uma surra.
Caçula de 18 irmãos, Sebastião cultivou duas paixões desde a infância: a gula e a música. Durante a adolescência, descobriu também o álcool e as drogas, que lhe levaram algumas vezes para a prisão, inclusive em sua primeira passagem pelos Estados Unidos. "Fui pros Estados Unidos pra estudar cinema. Eu sou um Spielberg meio frustrado", declarou Tim Maia em uma entrevista. Foi em uma dessas idas aos EUA, falando um inglês impecável e com sotaque de negro do Harlem, que ele escreveu These are the Songs, música que gravou com Elis Regina em 1969.
O astro não conhecia limites, falava exatamente o que pensava. Foi apelidado por Jorge Ben Jor de "síndico do Brasil". Tião chegou a expulsar um jovem de olhos tristes e cabelo cacheado de seu grupo Os Sputniks. O nome do menino? Roberto Carlos. Mais tarde, o Rei inverteria o jogo: ele e Erasmo lideravam a Jovem Guarda e Tim implorava por uma chance nos programas de TV. Anos depois, seria proibido de se apresentar na TV Globo, por sua conduta desregrada.
Apesar de seu jeito arrogante e bruto, reforçado por seus mais de 120 quilos, Tim era aclamado por críticos e pelo público graças a sua capacidade de criar hits inesquecíveis. Em seu primeiro disco, estavam sucessos como Azul da Cor do Mar e Primavera. Durante a época disco, na metade dos anos 70, lançou Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar). No início da década de 1980, vieram mais hits, como O Descobridor dos Sete Mares e Do Leme ao Pontal.
Em seus últimos meses de vida, Tim Maia chegava a beber três garrafas de uísque em um só dia. Os baseados o acompanharam ao longo da carreira. O homem que apresentou a maconha para os Mutantes, nos anos 70, já chegou a pedir um baseado para o público durante um show na cidade paulista de Bauru. Seu vício ficaria estampado no hit Sossego, que originalmente se chamava Sossego (e um quilo do bom), título vetado pela censura.
No dia 3 de março de 1998, Tim Maia iria gravar um programa de TV no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, mas não conseguiu fazer o show. Foi levado ao hospital e faleceu no dia 15 de março. Os vícios, diabetes e os problemas respiratórios decorrentes do excesso de peso encerraram a vida de um dos maiores músicos do Brasil, que se definia como "preto, gordo e cafajeste".
Nenhum comentário:
Postar um comentário