Imparcialidade é o ato de isentar a opinião própria diante de um fato. O jornalismo brasileiro, assim como qualquer outro, não é imparcial porque é feito por seres humanos. O homem, sendo dotado de signos e significados, é incapaz de falar sobre qualquer assunto sem inserir o seu ponto de vista.
O universo dos signos abrange as inumeráveis “coisas representativas de outras coisas”: estímulos e saberes que nos chegam via percepção e que passamos a conhecer e, sobretudo, reconhecer e relacionar por meio da memória e dos raciocínios associativos.
Sem signos não há um saber consciente de coisa alguma. O pensador da semiótica, Charles Peirce, escreveu que o próprio homem é um signo, pois somente tem consciência de si mesmo, quando se reconhece como tal, pela simples experiência de ser e saber que é homem implicando este fato em discernir o “não ser” planta, pedra ou outro animal.
No caso do jornalismo, ao apurar um fato já estamos sendo imparciais. Escolhemos a fonte que acreditamos ser as melhores, os ângulos que pensamos ser os mais próprios, a pauta que imaginamos interessar o leitor. Quando vamos escrever, colocamos as informações de acordo com o que achamos mais importante e/ou interessante.
O famoso lead – resposta às seis perguntinhas mágicas: quem, quando, quê, por quê, onde e como – e a pirâmide invertida (colocar os conteúdos em ordem de maior importância) também representam um ponto de vista, logo, uma imparcialidade. O que é relevante para mim para começar a notícia pode ser totalmente fútil para você.
Sendo assim, a imparcialidade no jornalismo, acredito eu, não existe. Cabe aos profissionais da área aperfeiçoarem-se e buscá-la no dia-a-dia. É de suma importância que o repórter não carregue seus textos de ideologia e opinião, visto que essa não é sua função.
Mas também dizer que isso é ser imparcial é utopia. Ele deve, sim, tentar ao máximo falar a verdade e ver todos os lados de um mesmo fato. Afinal, como diria Clóvis Rossi: “O jornalismo é a arte de informar para transformar”.
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