quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Pai, eu te amo!


Após a separação dos meus pais, escolhi, por pura vontade, morar com o meu pau, por quem, aliás, eu sempre fui apaixonada.  Ele não tinha nada de glamoroso e bonito, entretanto é bem simpático, trabalhador e honesto (qualidade essa que admiro muito).
Ele era bem mulherengo. Nossa, nunca vi um homem assim! Mas já sofreu por amor também. Por falar em mulher, suas relações são bastantes conturbadas, isso se deve por ele ser machista e “moralista”, por isso é desestabilizado matrimonialmente e não para com mulher nenhuma.
Meu pai era do tipo que adorava cerveja, cigarro e mulher. Contudo, isso trouxe sérias conseqüências que comprometeram a sua saúde.
Certa vez, quando eo morava em Belém, fui passar as férias em Marabá (PA), na casa de parentes. Na época tinha 16 anos e ao voltar da viagem - que foram bem alegres e divertidas – meu pai estava internado por causa de problemas cardíacos. Mas foi só um susto, que necessitava de cuidados do tipo para de beber e fumar. Mas ele não seguiu as orientações médicas.
Tempos depois, outro susto: desta vez eu estava presente. Para o meu desespero, os médicos estavam em greve, sendo assim uma procura incansável por atendimento nos hospitais. Ficamos rodando a cidade a procura de um médico, certo momento, ele dirigindo o carro, começou a me entregar seus pertences como relógio, cordão, pulseira e ia dizendo o número, a agência e sua senha da conta bancária, me dando instruções do tipo vender a casa  e morar com a minha mãe. Comecei a chorar descontroladamente!
Chegamos ao Pronto Socorro, não havia médicos e, para meu desespero, que se encontrava ali era doentes nos corredores sem assistência. Três horas depois o meu pai foi atendido, deram um remédio para estabilizar a pressão arterial e só. Ele melhorou parcialmente e ainda assim fomos a uma farmácia o qual tomou outro remédio e assim melhorou temporariamente.
Passando tudo isso, observei como é curta a vida, e que as vezes passamos despercebidos e deixamos de falar o que queremos para as pessoas que nós amamos.
Então, no meio de toda aquela confusão, abracei o meu pai profundamente e disse: EU TE AMO! Esse foi o momento inesquecível.
No dia 8 deste mês meu pai completa 5 meses de falecido. Na sua passagem, eu não morava mais com ele. Ele residia em Marituba-PA, e eu aqui em Macapá. Antes disso ele cravou uma batalha pela vida. Tinha deixado de fumar há uns dez anos. Nos últimos seis meses também parou de beber. Na última sexta-feira de sua vida em terra, ele foi a igreja pedindo benção, proteção e perdão à Deus. Faleceu sozinho numa quarta-feira. Deixou 5 filhos e dois netos.
Sabendo que ele tava doente, pedi para ele vim se mudar para cá, para poder cuidar do meu velho. Mas ele tava decido em vender tudo e ir embora para Aquidauana-MS, onde sua mãe, minha querida avó, mora até hoje. Mas seu desejo não foi cumprido. Tenho certeza que ele tá tomando conta dela na vida espiritual.
Sempre que tirava as férias, ia ao Pára abraçar meu velho. Hoje não vejo tanta cor e beleza. A saudade dói. Mas o tempo cura. E oro por todos os dias que meu pai seja recepcionado por seres superiores.
Essa é a história de um pai herói.  
Abaixo, a música do rei Roberto Carlos (Meu querido, meu velho, meu amigo)

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo
Roberto Carlos
Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo

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