Após
a separação dos meus pais, escolhi, por pura vontade, morar com o meu pau, por
quem, aliás, eu sempre fui apaixonada. Ele não tinha nada de glamoroso e bonito,
entretanto é bem simpático, trabalhador e honesto (qualidade essa que admiro
muito).
Ele
era bem mulherengo. Nossa, nunca vi um homem assim! Mas já sofreu por amor
também. Por falar em mulher, suas relações são bastantes conturbadas, isso se
deve por ele ser machista e “moralista”, por isso é desestabilizado
matrimonialmente e não para com mulher nenhuma.
Meu
pai era do tipo que adorava cerveja, cigarro e mulher. Contudo, isso trouxe
sérias conseqüências que comprometeram a sua saúde.
Certa
vez, quando eo morava em Belém, fui passar as férias em Marabá (PA), na casa de
parentes. Na época tinha 16 anos e ao voltar da viagem - que foram bem alegres
e divertidas – meu pai estava internado por causa de problemas cardíacos. Mas
foi só um susto, que necessitava de cuidados do tipo para de beber e fumar. Mas
ele não seguiu as orientações médicas.
Tempos
depois, outro susto: desta vez eu estava presente. Para o meu desespero, os médicos
estavam em greve, sendo assim uma procura incansável por atendimento nos
hospitais. Ficamos rodando a cidade a procura de um médico, certo momento, ele
dirigindo o carro, começou a me entregar seus pertences como relógio, cordão,
pulseira e ia dizendo o número, a agência e sua senha da conta bancária, me
dando instruções do tipo vender a casa e
morar com a minha mãe. Comecei a chorar descontroladamente!
Chegamos
ao Pronto Socorro, não havia médicos e, para meu desespero, que se encontrava
ali era doentes nos corredores sem assistência. Três horas depois o meu pai foi
atendido, deram um remédio para estabilizar a pressão arterial e só. Ele
melhorou parcialmente e ainda assim fomos a uma farmácia o qual tomou outro
remédio e assim melhorou temporariamente.
Passando tudo isso, observei como é curta a vida, e que as vezes passamos despercebidos e deixamos de falar o que queremos para as pessoas que nós amamos.
Então,
no meio de toda aquela confusão, abracei o meu pai profundamente e disse: EU TE
AMO! Esse foi o momento inesquecível.
No
dia 8 deste mês meu pai completa 5 meses de falecido. Na sua passagem, eu não
morava mais com ele. Ele residia em Marituba-PA, e eu aqui em Macapá. Antes
disso ele cravou uma batalha pela vida. Tinha deixado de fumar há uns dez anos.
Nos últimos seis meses também parou de beber. Na última sexta-feira de sua vida
em terra, ele foi a igreja pedindo benção, proteção e perdão à Deus. Faleceu
sozinho numa quarta-feira. Deixou 5 filhos e dois netos.
Sabendo
que ele tava doente, pedi para ele vim se mudar para cá, para poder cuidar do
meu velho. Mas ele tava decido em vender tudo e ir embora para Aquidauana-MS,
onde sua mãe, minha querida avó, mora até hoje. Mas seu desejo não foi
cumprido. Tenho certeza que ele tá tomando conta dela na vida espiritual.
Sempre
que tirava as férias, ia ao Pára abraçar meu velho. Hoje não vejo tanta cor e
beleza. A saudade dói. Mas o tempo cura. E oro por todos os dias que meu pai
seja recepcionado por seres superiores.
Essa
é a história de um pai herói.
Abaixo, a música do rei Roberto Carlos (Meu querido, meu velho, meu amigo)
Meu
Querido, Meu Velho, Meu Amigo
Roberto
Carlos
Esses
seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me
dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto do mundo...
E
esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já
correram tanto na vida,
Meu
querido, meu velho, meu amigo
Sua
vida cheia de histórias e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças
de antigas vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua
voz macia me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me
calando fundo na alma
Meu
querido, meu velho, meu amigo
Seu
passado vive presente nas experiências
Contidas
nesse coração, consciente da beleza das coisas da vida.
Seu
sorriso franco me anima, seu conselho certo me ensina,
Beijo
suas mãos e lhe digo
Meu
querido, meu velho, meu amigo
Eu
já lhe falei de tudo,
Mas
tudo isso é pouco
Diante
do que sinto...
Olhando
seus cabelos, tão bonitos,
Beijo
suas mãos e digo
Meu
querido, meu velho, meu amigo
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